terça-feira, 26 de outubro de 2010

Do you?


Sei que vai ser estranho pra você receber uma carta minha, afinal, desde a adolescência nós não nos falamos, pra mim é estranho escrever também... O mês passado eu lembrei de você, da sua risada, seus modos estranhos, lembrei dos seus olhos, tão felizes quanto os meus e sempre atentos. Soube que você teve duas filhas, parabéns, se forem parecidas com você, o que com sorte são, elas devem ser as coisas mais lindas do mundo.

Seu casamento deve ser como você sempre sonhou... Me lembro de você ter dito uma vez algo relacionado ao mar, uma varanda, uma rede e suas crianças correndo na praia, com sardas nos rostos e os cabelos ao vento, suas filhas ainda não correm, mas certamente sua casa é de frente pro mar e seu marido a abraça enquanto olham a lua refletida na água do mar. Deus sabe o quanto ele é sortudo, você é uma mulher maravilhosa.

Ultimamente eu tenho me lembrado de muitas coisas que passamos juntos nas ultimas férias em que eu te vi. Você me fez simples e involuntariamente me desligar de todas as outras companias, para que eu pudesse passar cada momento ao seu lado. Te vi perder a paciência com seus primos e chorar porque estava de TPM, sentei com você todas aquelas noites e conversamos coisas inuteis, como como as festas são diferentes nos lugares onde você mora, como as pessoas se comportam de outra maneira, aprendi a te adimirar por você me conhecer tão bem e não me repelir. Você sempre me mostrou como somos parecidos, a forma como nos expressamos, a maneira muitas vezes errada como as pessoas nos veem. Aquela briga feia que nós tivemos e a dor mais emocional do que fisica quando você ficou tão fora de si que me deu aquele tapa na cara, a maneira como eu congelei e não tive coragem de revidar, logo eu, que nunca abaixei a cabeça pra ninguém, estava aceitando um tapa, merecido, de uma garota, que nem minha namorada era. Naquele tempo, Angel, você conseguiu ser muito mais do que mais uma namorada, nosso relacionamento na base da confiança, cumplicidade, você virou minha amiga, minha confidente, a mulher que eu mais adimirava, depois da minha mãe, eu me vi apaixonado por você, você já namorava o seu marido, e Deus, você sempre me disse que namorava e que não iria jamais fazer algo que pudesse magoá-lo.

Um dia a Tia, me contou que você por muito tempo foi apaixonada por mim e estranhamente quando eu te perguntei sobre o assunto você confirmou sem pensar duas vezes, mas disse também que aquilo já havia passado e que agora, mais do que nunca você conseguia me ver apenas como um bom amigo, e que você iria se lembrar das férias em que eu deixei você me conhecer como eu sou.

Mel, essa é só mais uma das cartas que você não vai receber, porque eu não tenho coragem de enviar, mas eu só queria saber, se você ainda pensa em mim... Ainda pensa?

S.J.