segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Doucement tu me fais voir

E  aquela sensação de que você não controla a sua vida, porque até três meses atrás vocês eram pseudo-desconhecidos que basicamente se detestavam, agora você está apaixonada, por ele, justamente por ele. Tá achando aquele cara nada a ver que faz uma matéria com você até charmosinho, tá odiando menos seus amigos chatos, tá carente, doente, cansada, desesperada e sem esperança nenhuma. Tá querendo mesmo é alguém pra abraçar no frio, pra deitar na cama e conversar, dividir uns tragos num cigarro e umas doses de vinho sentada na varanda, aprender uma palavra nova, um sorriso novo, se apaixonar por um olharzinho cheio de manha, amar pra sempre uma desculpa esfarrapada pra uma tentativa de ultrapassar os limites, você quer amar alguém, amar sem pressa, amar por que é gostoso se sentir assim e amar um cara que é tão complicado quanto você, que tem uma história parecida com a sua e ao mesmo tempo é totalmente diferente. É difícil pra você gostar de um cara normal, eles nunca são normais, você sempre vê algo neles, todos os defeitos viram qualidades e você se apaixona pelos pedacinhos medíocres de um cara legal que ninguém acha que vale a pena. Você quer abraça-lo quando ele estiver sofrendo, beija-lo quando ele estiver fazendo birra e sendo infantilmente irresistível, quer rir da piada ruim e deixar ele mexer no seu cabelo, quer ser a primeira a dar 'Feliz Ano-Novo" na virada do ano e quer desesperadamente que ele queira te cuidar assim como você quer cuidar dele, sem possessão, sem deixar de ser você, quer que ele te goste pelo que você é e morre de medo dele não gostar porque as vezes você é infantil, birrenta, iirritante e mimada, acharia incrível se ele gostasse dessas coisas inconstantes, porque você gosta delas e você vai fazer ele rir quando fizer suas caras confusas e fofas e vai ser o amor mais lindo do mundo, mas você tem medo, tá todo mundo desestimulando você, você não quer chorar de novo, não quer dar o braço a torcer e aceitar que está apaixonada pelo charme e pelo gosto de cigarro na língua dele, quer passar pra todo mundo que a vida tá ótima e que não precisa de ninguém, mas tá sofrendo pelo cara que até três meses atrás você praticamente não conhecia e mesmo assim detestava.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O homem dos olhos dançantes

No meio de tanta gente, da confusão toda da vida dela, do coração partido, da gritaria, dos choros, da instabilidade, aquele era o ultimo lugar onde ela esperava encontrar abrigo, um colo quente e divertido. O melhor que ela já deitou.
-  Porque você tá me olhando com essa cara? - Thiago perguntou.
- Que cara?
- Parece que você tá assustada. Eu fiz alguma coisa?
-  Não. - Fernanda virou na cama e olhou pra ele. Os olhos dele não paravam, talvez fosse isso que tinha atraído tanto ela, os olhos dele, não paravam nunca, dançando o tempo todo. Ela não sabia explicar como era bom ficar ali deitada com ele, só de deitar ao lado dele o coração dela já se enchia de uma paz que apagava todos os outros problemas, apagava o fato de que nunca seriam mais que aquilo, apagava o fato de que ele nunca disse o que eram, apagava tudo. Naquele lugar o mundo era só dela e todos os problemas sumiam quando ele beijava ela. - Agora é você que tá me olhando estranho. - ela disse corando.
- Você fica gracinha envergonhada. - ele puxou o corpo dela pra cima do próprio e colocou uma mecha do cabelo dela atrás da orelha, ela piscou os olhos duas vezes fazendo Thiago rir, ela passou os dedos finos pelo rosto dele enquanto sorria, o riso vinha sempre muito fácil com ele, o corpo dela reagia fácil a ele, os sentidos reagiam fácil. Beijou ele sem cerimonia, sutilmente, enquanto sentia os dedos dele percorrerem a linha da coluna sobre o fino tecido da blusa e o gosto familiar de cigarro da língua dele invadir a boca dela. Nem de longe algum beijo se comparava ao dele, Fernanda duvidava que algum dia beijaria alguém que a completasse tanto, que correspondesse a cada detalhe da vontade dela sem esforço. Ela sentia vontade de gritar, de dizer pra ele como tudo aquilo era novo pra ela, de como ela se sentia bem quando ele a abraçava, o mundo dela girava no mesmo ritmo que os olhos dele. Ele era o homem dos olhos dançantes dela.