sábado, 17 de março de 2012

É você que tem

Você precisa se apaixonar. Sabe, vai fazer bem pra você, pare de deixar as pessoas de fora, você não ama ninguém. Minhas amigas precisam parar de falar essas coisas como se não me conhecessem, como se não soubessem o que acontece sempre que eu me apaixono, sempre que eu amo, todas as vezes que eu deixei que as pessoas entrassem elas fizeram além de uma puta bagunça um mau danado. Cada maldita vez que fiz a besteira de abrir um pouquinho meu coração pra alguém, ela o destruiu de uma maneira tão assustadoramente inocente que eu comecei a achar que o problema era comigo. E dessa vez, pela primeira maravilhosa vez, eu sabia que não era.
                - A gente tá indo muito depressa. – ele disse e eu fiquei tão confusa que o meu estomago se comprimiu me deixando chateada (chateada pra não dizer confusa, magoada e triste triste triste).
                - Não estou entendendo. – meus olhos estavam cheios de lágrimas salgadas que eu já não derramava há um bom tempo, lágrimas de quem gosta, o maldito gostar que minhas amigas tanto queriam.
                - Acho que nós estamos muito próximos sabe e eu não quero nada sério agora. – uma bola gelada e dura me acertou na boca do estomago e um flashback tomou conta de mim.
*
- Porque, quando duas pessoas estão ficando e elas só estão ficando uma com a outra então é quase um namoro não é? – eu estava tão ansiosa com aquela conversa que eu quase pedi a ele que parasse. – Então acho que a gente tá ficando sério, é isso.
- Parece que sim. – falei ainda ansiosa com o rumo daquela conversa.
- Se eu te pedisse em namoro, você aceitaria?
- Não. – fui mais rude do que pretendia. – Não nos conhecemos o suficiente, eu não acho que daria certo.
- Eu concordo.
*
A lembrança daquela conversa me fez ter vontade de rir, por Deus eu estava começando aquilo de novo, nem me lembro há quanto tempo eu não chorava daquela maneira, os soluços vinham em ondas e meu corpo tremia levemente. Deus, isso só pode ser piada. Alguém pode ver a maneira infantil como eu estou chorando? A ultima vez havia sido tão dolorosa que eu não consegui voltar para a aula, ele era a melhor coisa que me tinha acontecido, aquela coisa divertida, educada, magrela e alta, aquela coisa que me faria virar a esposinha perfeita, logo eu, trocaria tudo pra ser a mãe de quantos filhos aquela coisa maravilhosa quisesse, e agora isso, porque diabos tínhamos entrado naquele assunto? Eu só havia perguntado uma coisa, porque eu me sentia tão magoada com aquilo? De tanto ouvir que deveria dar uma chance a ele, eu havia dado e ele estava fucking atirando a maldita chance na minha cara de uma maneira totalmente estranha e desnecessária, uma conversa que não precisava acontecer, todas aquelas malditas lágrimas que não precisavam vir à tona e vieram.
Tudo ficara relativamente mais difícil agora, porque já não sabia mais lidar com ele, não sabia o que havia feito de errado, se é que fiz algo de errado, o problema é que eu sabia que gostava dele, gostava desse jeito estúpido que eu tenho de gostar das pessoas de graça sem pedir nada em troca, só o existir, e gostava, e gosto, e rezo pra que isso seja o suficiente.