quinta-feira, 15 de novembro de 2012

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Você chegou me procurando com olhos preocupados e eu gostei, encostamos numa parede quente durante uma noite fria pra falarmos dos nossos problemas e falamos por horas, dos relacionamentos fracassados, das nossas famílias bases, apoios, dos gostos musicais, de todas as pessoas que conheço naquele lugar e você sorriu durante meu monólogo, curtiu que eu não me arrumasse toda, mas perguntou se eu havia passado lápis nos olhos, falou sobre eles quando falei que não e eu amei isso. Pude perceber que você é um observador e que gostou de me ouvir falar por horas na sua cabeça, mesmo cansado e com sono, você disse que danço bem, falou dos seus cachorros, da sua casa, da sua insonia, que não consegue dormir com barulho e ficou horrorizado porque não bebo cerveja e não gosto de cachorros. Te expliquei que gatos são mais legais porque não precisam de nós e você disse que eles nos desprezam, mas se divertiu assim mesmo, me contou sobre a força da opinião da sua mãe, de como sua irmã é sua melhor amiga e da maneira cruel como perdeu dois dos seus melhores amigos pro egoísmo e gostei de ouvir isso de você. Você não se importa se falo muito palavrão, não quer viver pra sempre, sabe que metade das coisas no mundo podem ser respondidas com "Foda-se", me apresentou musicas no carro e teve paciência comigo, riu do labirinto que é chegar a minha casa e esperou que eu descesse toda a rua pra poder ir embora, e me mostrou o quanto precisava de alguém pra encher seu ouvido com besteira durante horas quando disse que mal nos conhecíamos e você já havia falado de toda a sua vida pra mim e eu percebi o quanto isso era importante pra você.