quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

sobre a doce melancolia

“Elas são muito bonitas, mas são um pouco melancólicas.” “Sim, iguais a você. – silêncio – Eu gosto da sua melancolia.”

E se com essa frase, ele pretendia me conquistar devo dizer que atingiu com êxito sua pretensão. A partir daquele momento de uma maneira triste e bonita achei que podia ser legal, que podia dar certo, que podia ser um pouco feliz no fim de tudo, mas não foi. Foi triste e sério como éramos, melancólico, fechado e de poucas palavras.

Agora odeio a mim mesma pela incapacidade de falar sobre essas coisas que costumo sentir, muito inclusive, mas não falo nunca. Sinto-me mal e carrego a culpa pelo fato de não ter dado certo, porque não quero acreditar que não deu certo porque ele simplesmente cansou de mim, do meu silêncio e da minha tristeza costumeira.

Fico pensando em todas as coisas que gostaria de ter contado, como que adoro musicas celtas e que gaita de foles é meu instrumento musical favorito, porque faz um som triste e bonito. Assim como esse violino que ele se esforça pra aprender a tocar, mas já toca bem fundo na minha alma, com notas agudas e desajeitadas, como eu. É que ele é tão parecido comigo, no silencio e nas musicas tristes, na falta de confiança em si próprio, no esforço de não ser mau com ninguém, mas se colocando sempre de fora, nunca se envolvendo, que quis me envolver.

Parece que apesar das inúmeras visíveis semelhanças, não nascemos pra ser nada além de um reflexo um do outro, incapazes de conviver em harmonia durante muito tempo sob pena de um afogar o outro na sua tristeza particular e inocente. Porque sou sim melancólica e difícil de conviver, mas não propositalmente, a tristeza é um sentimento continuo que quando a euforia vai embora permanece e ele sabe que sempre gostei de coisas estáveis.