domingo, 15 de janeiro de 2012

Estranho natural

Vamos curtir isso juntos. - ele disse e olhei como se aquilo fosse a coisa mais ridícula que ele pudesse dizer.
Na minha cabeça eu pensei em duzentas maneiras pouquíssimo educadas de responder, não usei nenhuma delas. Apenas ri. Não, eu não quero curtir com você, nem isso nem nada no mundo. Eu quero curtir com ele, está vendo ele ali? Aquele menino estranho com cara de arrogante? Isso, o que está rindo com os amigos e sendo charmoso. Quero curtir com ele, o cara que me deu um esporro por causa do meu cigarro, que me tomou o maço, que coloca as mãos na minha cintura como se eu fosse dele, veja só, ele segura minha cintura como se soubesse que eu quero curtir com ele, onde já se viu?
Sabe o que fazer comigo, canta no meu ouvido enquanto aperta minha cintura contra o corpo dele e segura minha mão pertinho do coração dele e fala do meu perfume. Quero curtir é com o cara que deita no meu colo como se meu colo fosse dele, com o cara que sabe a piada, a infantilidade, a dancinha, a cara, o sorriso certo de me deixar afim de curtir. O cara que me chama com ar de certeza que não vai receber uma recusa, o que implica, curtir com o menino do cabelo que parece pena na minha mão, o que tem o poder de deixar bêbado todos ao redor sem precisar ingerir uma gota de álcool, bêbados de vontade de curtir.
Desculpa amigo, mas hoje eu vou curtir com o cara que reclama da câmera do meu celular, debocha das minhas fotografias, vou curtir com ele que vai fazer bico sempre que levar uma mordida, que vai falar igual a criança quando quiser perguntar seja o que for. É com esse cara, visivelmente idiota, que eu vou curtir. Vejo você por ai.