terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

in the morning

Jogada no chão do banheiro, a água quente caindo suave e continuamente nas costas enquanto ela está deitada no chão desejando que o mundo acabasse logo e ela parasse de se sentir nauseada. Nunca mais bebo desse jeito. Toda vez era a mesma coisa, nunca mais, nunca mais, nunca mais. Uma dose, por favor. Ela não se aguentava bêbada, se sentia o pior ser humano do mundo de ressaca, isso sem falar na quantidade absurda de merdas que ela conseguia fazer, como infernizar a vida do pobre coitado do amigo do cara com quem ela já ficou. E quando digo infernizar quero dizer infernizar no sentido mais infernal da palavra, Liz frequentemente mantinha certa distância das pessoas, distância essa que fazia as pessoas tentarem se aproximar dela, algumas doses depois a distância ia pro inferno e Liz ficava próxima demais de todo mundo, como o pobre Jon. Liz o tinha abraçado por trás e posicionado bem o queixo perto da nuca do rapaz e ficou ali, soprando e deixando o ar passar, tinha que admitir que Jon fora suficientemente forte para não beijá-la, ou talvez ela simplesmente não fizesse o tipo dele, mas deitada no chão do banheiro aquilo pouco importava, ela só precisava parar de querer vomitar, olhou para as coxas e sorriu, dois dias antes tomara tanto sol que deixou as pernas meio douradas, como a pele de um frango de padaria, então ela riu mais e pensou em como as coxas ficavam bonitas quando ela tomava sol e aquilo era tão absurdamente engraçado que ela esqueceu porque estava deitada no chão do banheiro e porque tinha bebido tanto na noite anterior. Tudo era culpa dele. A pergunta mais frequente feita por ela mesma era: Dele quem, se não existe ninguém? Mas era por culpa de algum ele que ela não sabia qual ser. Poderia bem ser o ele charmoso e arrogante moreno e magro que ela conhecia tão bem e tão pouco ao mesmo tempo, assim como podia ser o ele irônico e novo loiro gentil que ela já gostava tanto e, infelizmente, podia ser o outro ele, esse ele que nem ela sabia que poderia beber por e não com, que ela havia conhecido a alguns dias e que mandava mensagens que mexiam com ela de alguma maneira, daquela maneira que uma garota como Liz, que mantem distância não quer que ninguém mexa. Liz, estava em forma, belas pernas, não tão longas quanto ela desejava, mas ainda assim belas, já não era mais uma menina ossuda e sentia falta disso, sentia falta de ser só uma menina e isso fez com que o sorriso dela morresse e o chão do banheiro foi tudo o que ela conseguiu encarar, tinha nos olhos qualquer tristeza de mulher, qualquer bom humor afetado e um toque daquela malícia de menina que ela se esforçava em não deixar transparecer. Apesar de tudo, Liz, era uma boa menina, a agua do chuveiro fazia ela pensar nisso. Minha mãe nunca me viu desse jeito. Liz estava rindo pro chão do banheiro enquanto a agua continuava a cair nas suas costas. Ainda bem que a mãe nunca a tinha visto daquele jeito.

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