segunda-feira, 20 de junho de 2011

Que Iemanjá proteja meu bem..

O mar estava dando ondas gigantes, dessas que surfistas adoram e eu estava sentada na areia olhando minha prima.
- Ei Karol! - Fernando chamou correndo com a prancha debaixo do braço, tropeçou mas não perdeu o pique, nem o charme.
 - Oi Nando. - respondi rindo. - Pensei que você não ia surfar hoje.
- Não vou. - olhei para a prancha e ele riu. - Você é quem vai.
- Sem chances. - falei assim que ele concluiu a frase.
- Karol.
- Não Fernando.
- Karoline. - ele disse sério e eu parei. - Deixa de drama. Confia em mim. - ele pediu e eu estremeci, confia em mim.
- Ok.
Ele colocou a prancha no chão e começou a me explicar, como ficar em pé, como remar, como re-amar, como amar e eu parei de prestar atenção no que ele dizia e passei a prestar atenção nele. Fernando era alto e magro, o cabelo castanho ia clareando progressivamente até chegar a um louro mel nas pontas, coisas do surf, apesar de bem magro tinha o corpo definido, não entendia como ele podia ser tão tímido e tão inseguro, embora eu não gostasse dessas coisas achava aquilo fascinante nele. Fazia parte dele. Os olhos verdes e grandes dele se destacavam mais ainda pelo tom bronzeado da pele. Ele era o charme em pessoa, com ou sem os óculos de grau que ele odiava mas eu achava lindo.
- Entendeu? - Nando perguntou e eu me assustei.
- Am? Ah, claro. - Mentira, eu não havia prestado atenção em metade das coisas que ele disse.
- Ok, vamos pra água. - Tudo bem, sem pânico, sem pânico.
- Fernando.. você está esquecendo um detalhe. - Ele olhou confuso pra mim. - Não sei nadar.
- Confia em mim. - Ele disse de novo e eu tremi. - Você confia?
- Confio. - Respondi e a mim pareceu tão sincero que senti o peso daquilo sair de mim. Confiaria minha vida a ele, o que ele quisesse. Fernando tirou a camisa branca e deixou na areia do lado do meu par de havaianas, ele me olhou esperando que tirasse meu vestido e tirei. Fernando sorriu e desviou os olhos, parecia tão impuro pra ele quanto eu achava ficar olhando o corpo de alguém, mas uma fofura dele que eu adorava. - Vamos?
- Aham. - Fomos juntos pra água e ele me entregou a prancha, colocou a tornozeleira em mim e me mostrou como furar a onda e eu fui, uma ótima aluna, meu cabelo foi pra trás e achei graça disso. - Vamos lá Karol, você precisa se concentrar. - Ele pediu e eu voltei minha atenção pro mar. - Rema Karol. - eu comecei a remar e ele ia junto comigo nadando do meu lado. Paramos um pouco depois de onde as ondas se formavam e ele me olhava ali com uma carinha fofa. - Karol...
- Hm?
- Você confia mesmo em mim? - Ele perguntou aqueles olhos verdes dele encarando fortemente os meus castanhos e eu tremi sem sentir frio mais uma vez. Eu queria gritar que confiava mais do que já tinha confiado em qualquer um na face da Terra e que confiava tanto que chegava a duvidar de tanto que confiava, Fernando me olhou nos olhos e pegou na minha mão em cima da prancha. - Confia?
- Confio. - sentia as minhas bochechas ficando vermelhas e os olhos dele devorando todas as minhas expressões.
- Eu tô cansado de nunca ser a pessoa direta, de nunca ter coragem de fazer ou dizer coisas que podem ser importantes e eu confio tanto em você que não sinto medo de que você vá embora. - ele ia dizendo e não largava a minha mão, meu coração parecia bater bem debaixo do meu queixo e o ar não vinha mas tão facilmente. - Eu gosto tanto de você que isso tá me sufocando. Gosto do coque no cabelo e das cores estranhas que você pinta, gosto do tamanho dele. Gosto da cor dos seus olhos, de como seus lábios são finos e de como seu sorriso é sincero e você tem vergonha dele. Gosto de cada detalhe, dos seus vestidos, das botas, das sapatilhas, eu não sei mais explicar Karol, mas eu gosto de você. - E eu que sempre tive tanto medo quanto ele pulei de cima da prancha e beijei ele ali mesmo. Porque eu não ia deixar a vida levar ele pra longe de mim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário